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RELATÓRIO DE ATIVIDADES EDUCATIVAS
JUNHO 2017

Educadores: Carolina, Dominique, Bruno, Marisa e Marco.

A partir dos encontros com os educadores, entendemos de forma conjunta a necessidade de atividades que valorizassem o lugar assim como a relação destas crianças com seu lugar. Duas iniciativas neste sentido foram: a organização de caminhadas com as crianças pela comunidade e também a organização de festas, onde não só as crianças, mas também seus pais fossem bem vindos a participar. Em ambos os casos percebemos o quão significativo foi a presença e o envolvimento das crianças. Foi realmente surpreendente o quanto a Festa Junina e a festa de Natal trouxeram uma atmosfera diferente entre os alunos e os educadores...
Nesse ano também contamos com a participação de duas voluntárias italianas que chegam para fortalecer nosso trabalho pedagógico. Sua chegada contou com o grande acolhimento das crianças, que se mostraram muito curiosas e interessadas nas diferenças culturais que elas nos traziam.
Fiz um levantamento das oficinas de arte do ano passado de que as crianças mais gostaram e perguntei se gostariam que fizéssemos de novo. As que mais apareceram foram a de argila, a de pipa, a de origami, a dos preparativos para as festas e das que tinham “pique-esconde”.
Nos desenhos todas as crianças colocaram uma quadra de esportes em frente à Água Doce, principalmente futebol, o que nos faz perceber a importância de um espaço de lazer e do reconhecimento, valorização e apropriação do próprio espaço público, uma vez que eles já jogam futebol ali.
Durante várias oficinas de arte, as crianças surgem com diversos assuntos que nos permitem perceber o universo cultural, social e até político do local onde elas vivem. Desta forma, surgem diferentes assuntos relacionados à machismo, sexualidade, intolerância religiosa (principalmente com religiões de matriz afro-brasileira) e de drogas. Não sei se pela característica de ser uma Oficina de Artes, as crianças se sentem mais livres para expressar algumas coisas pessoais delas, ou talvez pelo fato de ela permitir um momento de reunião entre todos que juntos estão concentrados em produzir algo; ou as duas coisas. Mas estas questões são sempre muito recorrentes e tentamos questionar algumas posturas e idéias prontas que as crianças trazem. Também está começando a freqüentar as oficinas um grupo de adolescentes e talvez estas questões estejam aparecendo mais fortemente trazidas por esse grupo. Confesso que ainda preciso aprender melhor a lidar com esta situação, pois durante uma das oficinas, na qual questionei muito uma das meninas, ela acabou saindo. Fiquei arrependida de não ter parado de questionar, e espero que ela volte.
Para as atividades físicas vieram algumas crianças novas e aproveitei para fazer a brincadeira do barbante que foi útil seja para o grupo se conhecer mais, seja para aprender a falar em grupo. Me surpreendeu Thiago que na hora de falar o que ele mais gosta de fazer nos momentos de lazer, disse “ir para Água Doce brincar”.
Hoje a atividade na horta foi bem dinâmica: as crianças gostam muito quando podem colher e levar algo para casa. Também acho muito bom, mas o mais difícil é ensinar a eles que para poder colher é preciso também plantar e cuidar.
Sempre insisto que eles devem decidir juntos o que cada um vai fazer. Na maioria das vezes, quando conseguem se organizar sozinhos é porque alguém assume a postura da liderança. Ainda não sei se é negativa ou positiva a necessidade sempre de um líder...Sempre acho estes momentos, mesmo que raros, muito preciosos, quando eles mesmo se organizam. Tento não me intrometer, gosto apenas de observar e salientar que no final todos devem ajudar na arrumação.
No momento em que começamos a fazer a massa da esfirra uma das meninas que participava comentou que sua mãe era cozinheira e ela a observava muito. Esta menina nos ajudou a chegar no ponto certo da massa. Todos se empenharam bastante em suas esfirras e mais uma vez percebi o quanto as crianças gostam de receitas nas quais podem colocar as mãos, amassar, enrolar, tocar.
Sempre penso se as crianças chegam às oficinas de culinária para aprender, ou mesmo só pela comida. Acho que, muitas vezes, é pelos dois motivos. Percebo que algumas crianças não agüentam o final da receita e vão comendo pedacinhos dos ingredientes sempre que podem. Mesmo assim ínsito que dividamos tudo. Se não tem para todos, não tem para ninguém.
Hoje foi a estréia da oficina de teatro e expressão corporal, por isso eu estava um pouco apreensiva com a reação das crianças. Organizei a atividade de uma forma que começássemos com um aquecimento corporal, depois sempre contássemos uma história ( no início eu começaria depois cada um poderia contar uma história) e depois fizéssemos alguma atividade de teatro propriamente dita. 
Hoje quis trazer um pouco da cultura indígena para nossa prática. Usei uma música de uma tribo Guarani e pedi para que desenhassem o que imaginavam ouvindo aquela música. Muitos desenharam índios, outros só os instrumentos musicais, a maioria achou a música estranha. Depois eu pedi para que procurassem objetos na natureza que fizessem algum som interessante. Todos se animaram com o desafio.
Nas aulas de reforço tenho observado algumas dificuldades das crianças na hora de entender as atividades. Acho que por falta de maior orientação do professor na escola e até mesmo pela falta de apoio da família. Sinto que quando começo a explicar algumas atividades, consideradas como barreiras para o aprendizado deles, começam a entender rapidamente. Outro grande problema é que quando começam a aprender, começam a faltar à aula, dificultando assim um maior rendimento.
O passeio contou com a participação de 13 crianças. Saimos por volta das 14.00 h Foi muito interessante passear pelo bairro, interagindo com as pessoas da comunidade que nos olhavam com curiosidade. Não foi fácil manter o grupo unido e disciplinado. Tivemos de fazer varias paradas para conversar sobre as regras e sobre a responsabilidade que nós da Agua Doce temos nesses passeios. Fizemos uma primeira parada no portinho à margem do rio Surui. Conversamos sobre o rio, sobre o ecossistema da bacia do rio e da importância de mantê-lo vivo e não poluído. Nem todos prestaram atenção mas foi positivo. Seguimos para a igreja de São Nicolau onde descansamos e tomamos um lanche. Conversamos sobre a história da igreja e de Surui. Concluímos fazendo um desenho livre sobre a paisagem ao redor.

Depoimentos: Chi siamo
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SAURO MACERA

fisioterapeuta italiano, esteve por várias vezes na Baixada Fluminense

“O que aconteceu nesse ano nesta minha nova experiência, no mesmo lugar? Uma coisa muito simples: fiquei parado, permiti que as coisas acontecessem... ´fiz´ menos, mas ´trabalhei´ mais... Desse escutar o povo, desse ´sentar-se com ele´, nasceu a exigência de fazer um curso de massagem infantil destinado a jovens mães, educadores e pessoas simples das comunidades com os seus bebês. 

Utilizamos a massagem Shantala, porque é uma abordagem natural ao contato, à relação primária e porque nasceu nas ruas de umA das tantas favelas do mundo, Calcutá. Laboyeur, o médico francês que deu a conhecer ao mundo essa massagem diz:

´ ... Os bebês precisam de leite, sim.
Mas mais do que leite, eles precisam ser amados,
receber carícias.
No bebê, a pele vem antes que qualquer outra coisa.
É o primeiro sentido...´

No final do curso, uma educadora, como síntese do trabalho desenvolvido, entregou-me uma cartinha, que exprimia o sentimento de todos os participantes. Dizia:

´Este curso de massagem infantil Shantala foi a realização de um sonho antigo. Fiquei encantada e foi muito mais do que tinha imaginado. Para o primeiro encontro me preparei para aprender toda a técnica, a trazer o material solicitado: uma toalha e um travesseiro... Mas já no primeiro dia, compreendi que o material primario era EU MESMA e que tudo o que estava aprendendo, deveria aplicá-lo a mim... Se não estivermos abertos e acessíveis ao outro, o toque verdadeiro e realmente terapêutico da Shantala não acontece...´ 

Um dia, veio a mim um garoto de oito anos e dando-me educadamente a mão, me perguntou se eu me lembrava dele. Respondi-lhe que sim, porque o tinha encontrado a primeira vez na casa de seu pai, pescador. Os olhos se iluminaram, tinha se sentido visto, reconhecido. Foi um momento de poesia e a poesia estava nos seus olhos, no exprimir sem véus a sua necessidade. Basta tão pouco! Não há necessidade de grandes discursos, de fazer grandes coisas, de fazer, fazer, fazer... basta estar aí, ´simplesmente´.

Depoimentos: Chi siamo
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